Marrocos 2010 - Dia 2

Dia 2 (465Km)

Deixámos o Albergue às 9h. O patrão fala um pouco de francês e conversa conosco enquanto carregamos as motas. O Albergue não é mau, mas o patrão é manhoso. Queria cobrar o pequeno almoço que tinha sido oferecido na negociação de ontem à noite.



Passados 5 min. estávamos em Ifrane. Explicaram-me que a arquitectura servia para resistir à queda de neve no Inverno, mas continuo a pensar que quiseram fazer um destino de neve igual aos da Europa para atrair turismo.





Não perdemos muito tempo, voltámos para o verdadeiro Marrocos rumo a Azrou e à tão famosa Floresta dos Cedros. Na estrada de Ifrane para Azrou encontrámos as dezenas de Albergues que nos tinham falado. Na próxima viagem aponto directo para esta zona. De acordo com o mapa, a Floresta dos Cedros fica a sul de Azrou, por isso seguimos pela R13 à procura do desvio.



No primeiro corte virámos para Ait-Leuh numa estrada estreita, com piso de alcatrão antigo e com muitas curvas. No início as arvores quase não deixavam ver a paisagem, mas de repente a vegetação desapareceu e parecia que tínhamos chegado à Lua.







O percurso era interessante e a paisagem impressionava, mas ainda não tínhamos encontrado as famosas pistas. Dou uma olhadela no GPS e vejo uns tracks mais à frente. Finalmente vamos largar o alcatrão!



O caminho coincidiu com o track nos primeiros 100mts, depois estávamos por nossa conta. Umas ribeiras e umas pedras mais à frente chegámos ao país dos Teletubbies. Um fantástico tapete de relva com socalcos. Surpreendentemente o piso agarrava bastante, o que desiludiu o Armando que queria brincadeira.





O lago estava perto o GPS mostrava um track nos montes à nossa frente. Esta zona deve estar cheia de água no Inverno, mas como ainda choveu pouco decidimos arriscar e atravessámos o vale.



Voltámos ao track e um pouco depois ao alcatrão. Ao seguir para sul voltei a ver outra marcação no GPS. Seguimos sem saber para onde, o que interessava era descobrir a zona e evitar a estrada. Foi um percurso espectacular que durou grande parte da manhã.







Como ainda tínhamos o Atlas para atravessar, fomos à procura da N13. É difícil descrever a calma e a liberdade que se sentimos. Na próxima viagem quero explorar esta zona com mais detalhe.



Já na N13 parámos para abastecer em Zeida. Num restaurante encontrava-se uma excursão do Nick Sanders. Um casal levanta-se da mesa e vem admirar a Africa Twin do Nelson. Aproveitámos o ambiente motard e almoçámos também. Os comentários da mesa dos ingleses viraram-se para a AT “…best bike ever made!”. Em tom de brincadeira (ou não) o casal da GS propôs a troca mas o Nelson não aceitou. Dizem que para o ano vão comprar uma mota destas.



O almoço foi um bocado caro (8€), mas não estava mau. Dizem que a pista do Cirque du Jafar está em mau estado, não quisemos arriscar e continuámos pela N13 rumo a sul.



A travessia do Atlas deslumbrava a cada minuto. Parámos várias vezes para contemplar a natureza. Quando pensávamos que tínhamos visto uma paisagem espectacular aparecia outra de cortar a respiração.





Estava a anoitecer e tínhamos de procurar alojamento. Já vimos tanto e ainda ia ser a nossa segunda noite em Marrocos. Zouala era perto e havia uma casa de hóspedes que vinha referenciada no Guia Routard a 200-250dh a meia pensão. Parámos numa área de descanso para procurar a entrada para a vila. O dono da tenda do chá veio falar conosco e perguntou se procurávamos alojamento. Disse que sim e que tinha visto no routard uma Maison D’Hote que parecia porreira. Ele trabalhava no local que procurávamos! Ficou acordado o preço em 200dh (tentei baixar para 150dh mas como algures na conversa tinha referido o guia já não deu).







Foi o melhor sítio onde ficámos durante toda a viagem. Simples, com um ambiente calmo, pouca luz e decorado com gosto e atenção aos pormenores. O Moha e o Sahid são atenciosos e simpáticos. Aproveitei para tirar algumas dúvidas sobre o que nos faltava percorrer. O Moha diz que organiza com um amigo viagens pelo deserto em autonomia total durante 2-3 dias para percebermos como vivem (ou viviam) os berberes no deserto. Leva um 4x4 com bivouacs, cabras, farinha, verduras, água e tudo o que precisamos. Fiquei com o contacto para pensar nisso na próxima vez. Só não sei se aguento 3 dias de mota nas dunas!

Continua…

Um comentário:

Mike disse...

Fiquei com inveja....

Espectaculo de viagem !!!

Abraço,
MR